terça-feira, 22 de abril de 2014

Homossexualidade x Eu x Família

Você até se surpreende quando vê uma história de que uma mãe disse não amar mais um filho porque ele se assumiu gay.
É surpreendente porque não se parece mais, em “pleno o século XXI”, que algo como isso ainda aconteça. Parece crendice minha, ou caretice, não sei, mas ainda convivo com a ideia de que os relacionamentos devem se dar entre dois sujeitos, independente de seu sexo biológico. 
Mas até onde será que podemos lidar com isso? 
Claro que pra mim é fácil responder, sou gay.
Mas nos vendo de um outro ângulo, nos vendo de uma outra época, quando imperava bem mais a religião e o machismo, até quando uma pessoa que viveu nessa época pode suportar uma relação entre pessoas do mesmo sexo em sua própria casa?
É como se o mal estivesse se instalando no seu lar, e isso fosse a causa pra todo o desgosto que uma família pode suportar.  
Mas isso nos leva a outro ponto: qual o real conceito de família? Um pai, uma mãe, e seus filhos? Mas e se temos duas mães, ou dois pais, ou duas mães e dois pais, não temos uma família?
Até que ponto podemos suportar a ideia de que estamos revolucionando a antiguidade, e que isso é o melhor a ser feito, dado o fato de que estamos em constante evolução?
É difícil pensar a respeito, talvez não pra mim, porque como disse, sou gay, mas pensemos em um mundo onde a maioria é heterossexual e infelizmente machista, homofóbico, religioso com fervor, ou apenas desumano... Sim, na verdade é complicado pra mim pensar nisso.
Mas, pra quem é fácil, então?
Parece que estamos tão próximos do próximo passo da evolução quando estamos próximos da felicidade plena, ou seja, não vai rolar por agora. 
E ao menos que passemos a escolher olhar o nosso próprio rabo que falar do macaco ao lado, permaneceremos na mesma.
Então, um pedido: vamos olhar para os nossos rabos mais vezes; vamos olhar pra dentro de nós mesmo um pouco mais; vamos olhar o outro apenas com respeito. 
Isso me basta!

Philippi Rios, graduando em Psicologia pela UNIVASF.

Um comentário:

  1. Penso que, primeiro, devemos exercitar a empatia. Sim, é difícil ter empatia pelo desconhecido, pelo que não faz parte de nós. Assim como é difícil se descobrir incompreendido.
    Segundo, pendo que são muitas culturas, muitas ideologias, muitas crenças, muitas formas de existir, muitas possibilidades no mundo, e no meio desses muitos não acho que deva existir espaço para o certo ou o errado. Os valores se modificam de acordo com cada realidade de existência, claro que algumas questões precisam de "regras" que a existência do outro não seja negligenciada, isso é importante.
    Em relação à união de casais homoafetivos não acredito que a Igreja tenha espaço para definir se essa união deve ou não existir, não em aspectos civis. Quando queremos que o casamento homoafetivo seja legalizado não queremos (somente) união religiosa - não, por enquanto.
    Em relação ao que se defina como constituição familiar preciso dizer que Papai, Mamãe e Filhinhos ainda existem e sempre existirão, mas existem outros formatos: amigos que moram juntos é um núcleo familiar, tios que moram juntos é um núcleo familiar, sobrinho que mora com tios é um núcleo familiar, crianças e adolescentes que moram em orfanatos e em abrigos é um núcleo familiar, idosos que moram em abrigos e casas de acolhimento é um núcleo familiar, uma criança pode ter duas mães, uma criança pode ter dois pais, uma criança pode ter amor e não é o formato da família que determina esse amor - para não restar dúvidas sobre isso estão aí os casos de violência familiar onde há negligência quanto aos direitos de existência de muitas crianças, de muitos idosos, de muitas mulheres, de muitos homens.
    Acho que é isso - não só isso, claro!

    ResponderExcluir